segunda-feira, 31 de março de 2014

Certeza só a da incerteza, pois claro!

Bem-hajam meus caros e caras!

Passaram alguns dias entre o meu último registo aqui deixado e esta visita que me devolve ao espaço cibernético, mas não podia ter entrado em melhor tempo, encontrei um texto que me fez comichão hoje e não tenho a certeza se assim seria se o tivesse lido ontem ou se o lesse amanhã. No fundo, sabemos muito para saber muito pouco, procuramos sempre mais para viver bem com menos... mas vamos com calma, quero de forma muito honesta responder - ou deixar parte do meu pensamento - à entrada que me antecedeu, tentarei falar de certezas e incertezas, de qualidade e quantidade e tentarei não me esquecer de falar de educação. O que me proponho a fazer é muito, mas já fico contente pela tentativa. Aqui vai, vou!
Quero começar por usar palavras que não me pertencem e que espero que gostem, deixarei um poema completo que me servirá de guia. Diz assim: RECEITA PARA FAZER UM HERÓI

Tome-se um homem,
Feito de nada, como nós,
E em tamanho natural.
Embeba-se-lhe a carne,
Lentamente,
Duma certeza aguda, irracional,
Intensa como o ódio ou como a fome.
Depois, perto do fim,
Agite-se um pendão
E toque-se um clarim.
Serve-se morto. 

O poema que vos entrego para leitura é parte do meu dia-a-dia desde que o conheci. Sim, passo os olhos por ele quase todos os dias e lembro-me dele todos os dias, podem acreditar. Ele diz-me muito, é de Reinaldo Ferreira, e da primeira vez que o li senti logo que a mensagem estava a entrar bem, como um "olha lá, isto é para ti, ouve!" O poema é pequeno e muito leve, mas incisivo e penetrante, encerra uma leitura horizontal e vertical do problema do Homem consigo, com os outros e com o conhecimento. É precisamente por tudo isto, também para me colocar ao lado de algumas das palavras do texto que me antecede aqui, que partirei mais uma vez da sua leitura até outras, quem sabe...
A questão da "educação", muito presente neste espaço, está bem apresentada pelos excertos escolhidos e pelas palavras que se seguem a eles. É verdade que a educação serve precisamente para que o Homem possa ser "sujeito", "indivíduo", "pessoa", "humano", ... outros conceitos foram criados e outros irão ser criados, mas nós não nos podemos esquecer que no fundo somos isso tudo e muito mais (quantidade), mas SOMOS (qualidade). Quando devolvi a este espaço o meu pensamento sobre a passagem do tempo e a Qualidade tinha como referência a teoria de conhecimento de Kant, essa que diz (desculpem-me a forma redondinha) que as coisas são o que nós nelas colocamos. Pois bem, as categorias do entendimento são várias, qualidade e quantidade são duas delas e nós não conseguimos deixar de pensar por elas e com elas, mas o que acontece, digo eu, é que a evolução nos está a aproximar da quantidade em detrimento da qualidade - esta operação é regida/promovida/orientada pela cada vez maior pobreza da língua e da arte de comunicar (Kant, se escrevesse hoje, podia ter outro conjunto de categorias do entendimento...). O nosso cérebro processa palavras e creio ser de bom saber que quanto maior for o número de palavras que conhecemos, maior é o nosso "mundo". Pois bem, o "mundo" está a mingar e para constatar-mos isso basta pegar em livros... é certo que a nossa relação com tudo o que nos rodeia não pertence só a nós, podem afirmar que já não temos o mesmo Tempo, eu direi que sim, já não temos o mesmo Tempo, temos o nosso Tempo, o de cada UM! A questão do Tempo não é diferente da questão da Qualidade e até Einstein o veio confirmar - o Tempo é relativo e para o Homem é quer ao nível da Física quer ao nível da mente.
Batalho para que separem duas palavrinhas todos os dias (batalho por muitas mais, porque queria muitas mais...), elas são Educação e Instrução. A Educação é, para mim, a arte de saber estar e viver num mundo que é uno e plural, ou se quiserem, MEU e TEU. A Instrução é outra coisa, é o conhecimento orientado que visa (ou deveria visar em meu entender) dar a entender como o conhecimento se processa, antes de se dar conhecimento em pacotes para servir de preenchimento de uma estante aparente vazia. Não me quero alongar muito neste processo de distinção, mas eu diria que a diferença entre uma coisa e outra está no Respeito que se tem ou não se tem pelo que está ao nosso lado enquanto capaz de na sua diferença ser um semelhante (semelhante não é igual). Alguém educado sabe isto, mas alguém altamente instruído (ou baixamente instruído, se quiserem) não o sabe necessariamente e cai com frequência na cega ditadura do seu aparente saber.

Posto tudo isto, terei que afirmar a minha crença na educação, não quero que se pense que ela não sendo perfeita não é boa ou necessária, porque para mim é! A perfeição não existe e como diz o povo, quem nunca pecou que atire a primeira pedra. O mundo seria diferente com o uso de palavras diferentes? Sim, esta é uma afirmação a priori, absoluta e necessária, mas não sei se melhor ou pior - isso só testando, vendo e observando, o que resulta em conhecimento a posteriori, contingente. Também espero que tenha ficado claro que para mim Quantidade e Educação não são termos similares, apesar de andarem próximos porque ambos (e tantos outros) dizem respeito ao Homem.

Antes de me despedir, porque o pensamento pode ficar mais circular, volto ao poema para afirmar mais uma vez que certezas conquistam-se quando se coloca a Instrução à frente da Educação, espero ter deixado essa imagem, e, se "estar vivo é o contrário de estar morto", então a incerteza é o nosso porto seguro e é a ela que devemos voltar sempre que quisermos estar bem connosco e com os outros.

beijos deste que vos tem presentes.

      

quarta-feira, 19 de março de 2014

Tantos Mundos...

Ora ora Caríssimos!!!
Sempre bom voltar a este lindo fórum!

      Sempre achei o termo educação uma palavra muito elástica, e sempre foi do meu entender um recipiente, uma métrica, com conteúdo de parâmetros ao gosto do ideal pessoal. Generalizando um bocado, acho que todos temos um “deveria ser…” na ponta da língua à mínima contrariedade do ideal que nos apazigua as emoções e preferências. Depois chegam-nos todas as vertentes que já criamos para educação para as mais diversas posturas “exigidas” para as mais diversas “exigentes” circunstâncias. Imagine-se, eu que julgava a educação religiosa a maior das doutrinas absolutas, a maior de todas as bandeiras, até esta sofre de relativismos e ajustes simplesmente Humanos pelo auto-proclamado representante de Deus na Terra. Quem diria, fumo preto no fumo branco sobre o sagrado livro...

sexta-feira, 14 de março de 2014

A caminhar para a Primavera... prestes a entrar no Outono.

Bem-hajam caríssimos!

Faz muito tempo que não escrevo neste local... não deixei de escrever de todo, mas voltei a colocar as minhas palavras num formato mais tradicional e com a ajuda de um utensílio também ele de outro tempo. Falo, não do meu falo, mas de papel e caneta! Sim, caneta e não esferográfica, porque a tinta daquela deixa um traço intenso e brilhante, a desta nem por isso... de todo mesmo. Mas o que aqui me traz nem é falar de ferramentas de escrita, porque independentemente do que se usa para escrever, até para ler, o certo é que cada uma dessas tarefas vale o nosso precioso tempo. Com este ponto esclarecido e apresentado sem qualquer tipo de utilidade, vamos lá passar ao que realmente interessa e falar de estações do ano ou de outras estações que poderão surgir sem convite, mas sempre recebidas com chá e bolachas como quaisquer outras.

Lembrei-me de escrever porque o sol bate na minha janela, bate em mim e aquece-me até à ponta dos meus dedos que martelam as teclas do computador. No inverno a tarefa de martelar não é tão simpática, bem menos gostosa e, por vezes, até me faz pensar que só a levamos (eu levo na mesma...) a cabo porque tem que ser. O sábio povo diz, e bem, que quem não dá assistência tem concorrência, por isso nada como martelar, nem que seja por uns breves minutos depois ou seguido de um banho quente. Inspirado por esta natureza que começa a apresentar um tom esverdeado, também pelas movimentações que acontecem na rua com menos roupa e outra ligeireza, cá estou eu para falar de coisas amareladas. Não é que tenho estado desocupado, desempregado, desvinculado, desaterefado... cheio de tempo para gozar e o raça do tempo tem fugido a uma velocidade que eu não consigo acompanhar!? A Primavera está a bater à porta e eu sinto que estou a entrar no Outono...
Porque quem tem muito tempo acaba sempre por arranjar muito o que fazer, e eu não sou diferente, acabei por arranjar fazer nada. Assim, nem tempo tinha para cá vir escrever, li umas quantas coisas, o jornal todos os dias!, ouvi umas tantas outras coisas (algumas que ainda hoje me lembram só me apetecer gritar para não me encherem os ouvidos), vi o que quis e o que não queria ver de todo, e no meio de tudo isto só me ocorre que não tenho nada para dizer - ai esta estranheza melancólica do ter que dizer algo de novo... falar do Passado é dizer sempre algo de novo, porque o que vivemos lá atrás muda com o que pensamos poder viver amanhã e mesmo com o que estamos a experimentar no que se convencionou chamar de Presente.

Rico presente me saiu este Presente! Quando digo que no Presente estou a pensar alguma coisa - e o pensamento acontece à velocidade da luz - já me estou a referir a algo que passou, é parte do Passado. Mas terei eu algo de novo a acrescentar ao que já penso ser o suficiente para os outros? Sei lá... experimentamos todos os dias a evolução da nossa sociedade (do Mundo!) no sentido do imediato e da quantidade. Uma coisa não poderia mesmo viver sem a outra, porque como se alimentaria o imediato sem uma gigantesca quantidade de coisas? Depois, porque o nosso lindo e poderoso cérebro processa a informação por associação e dissociação, assistimos ao nascimento de nados-mortos. O que vem depois do que veio é sempre avaliado como "melhor", "pior", "superior", "inferior", "maior", "menor", etc. A pressão da sucessão está a empurrar para fora da nossa estrutura cognitiva uma coisinha que nos pertence tal como a capacidade de quantificar, é a Qualidade e a capacidade de qualificar os objectos do conhecimento pelo que são. E isto, atentem, não se aplica só a nossa relação com as coisas, as nossas relações com os outros está a transformar-se de igual forma.

Ao longo da história ensinaram-nos, por exemplo, que os outros ora são mais parecidos connosco ora mais diferentes... mas é possível, efectivamente, avaliar a quantidade de diferença que nos separa do nosso vizinho? Ser diferente sem mais não chega e não é bom? Para que nos queremos todos iguais, o que iremos aprender com isso? Ai o romantismo, movimento tão interessante que nos deixou ideias tão idiotas! Querem uma delas: então temos que andar pelo mundo a procurar semelhanças para depois podermos dizer que os opostos se atraem? Bem, eu cá acho que não existe porcaria de oposição ou semelhança, apenas individualidade e, porque esta individualidade per si seria monstruosa, há educação.    

Vou projectar-me bem no Futuro, lá para os primeiros dias de Outono, esses em que ainda se experimenta o calor do sol, e talvez aproveite a Primavera no Presente ou em que tempo for. Certo é que vou tentar lembrar-me a cada dia de combater a letargia em que este tempo me mergulha, vivo e cheio de vontade de viver, seguirei acordado até ao Pestana chegar.

Beijos e até já.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O Universo e as sombras…



Caríssimos!!!

Certa vez, em tom de conversa vadia, tal excêntrico referiu-se à universalidade como um príncipio de convergência. No entanto, e mesmo atendendo às circunstâncias de berço, se acreditarmos que o Homem não é uma tábua rasa aquando do nascimento, então temos em cada homem uma Munda Alma que com a sua não menos importante tábua de 10 mandamentos faz reflexo da Imundice de outras tábuas.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

E se tudo fosse mesmo mais simples... andamos mesmo a complicar!

Bom dia meus lindos!

Tenho dado por mim a pensar, sem cessar, que a vida é muito mais simples do que parece e do que andamos para aqui a espalhar em jeito de boa nova. Sempre que me deparo com uma novidade, reparo que tudo aquilo tem mais de omissão do que de outra coisa qualquer, mas sabe sempre bem sentir que estamos a ser tocados por algo que não nos pertencia e agora se revela como nosso ou próximo de nós. Mas a minha grande questão é: porque andamos nós a complicar as nossas vidas e dos outros?
Não tenho uma resposta como certa, acredito mesmo que para cada cabeça haverá uma resposta diferente, mas arrisco apresentar aqui um pensamento: complicamos para nos sentirmos mais importantes! Somos pequeninos e queremos ser grandes, ocupar um lugar de destaque, ficar para a história, queremos reconhecimento, ... mas andamos em cima de ombros de gigantes desde que nascemos, é bom lembrar a toda a hora. Não pensamos tudo de novo, mas pensamos tanto que acabamos por ficar enrolados nos nossos próprios pensamentos, ao ponto de acreditarmos de forma violenta na veracidade e novidade daquelas construções.
Uma das minhas últimas descobertas literárias tinha lá esta pérola "ele pensa... se calhar é por isso que não percebe nada." Não quero com isto dizer que não devemos pensar, mas é hora de assumir o lugar do nosso pensamento, principalmente no acto de conhecer e perceber. As coisas são simples, para cada decisão existe um número mais ou menos limitado de opções e quando escolhemos uma devemos aprender a viver com essa. O mesmo se passa com o significado e referência que damos a cada palavra que compõe um pensamento (não há pensamentos sem palavras...), porque atropelar tudo para atingir a novidade pode ser a porta de entrada nesse exercício de complicação.

Beijos e até já.



sábado, 20 de julho de 2013

Viver mata...




Ora bem caríssimos, que dizer depois da última e feliz entrada…continuar se calhar?

Não que o queira tornar complicado, mas parece-me muito mais interessante e correto,  escrever que o Homem não é simples mas simplesmente complicado. Caso contrário não continuaríamos aqui a tentar decifrar.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Posso cair... caí... mas vou levantar-me um dia e aprender que serei sempre menos do que me pintam.

Bem-hajam os meus caros comparsas!

Mais um dia e o que vos poderei dizer para lá do que a imagem sugere...!? posso dizer que não é pela cerveja que se cai bem no fundo, mas é verdade que todos nós já rebolamos no chão depois de umas quantas cervejas bem aconchegadinhas a viajar junto dos glóbulos vermelhos e brancos. Como poderei esquecer aquelas festas que a meio já nos juntavam de tal forma que tudo parecia mais passível de ser festejado do que a conquista do campeonato pelo Benfica!?
Bem, mas tudo na vida tem o seu tempo e o dessas festarolas passou de uma forma tão feliz e com tantas experiências que o grupo dos cinco esteve sempre pronto para mais uma. Agora que um de nós se avizinha daquele passo fundamental, a saber, o de escolher com quem passar alguns anos da sua vida (todos os que restam na melhor das hipóteses e a que eu espero), estou cheio de ideias sobre o que são as relações pessoais. Sempre fui um crente nas relações entre pessoas, digo isto referindo-me às relações de todos os níveis. Tudo o que sou hoje devo-o a alguém e nada do que serei o poderei ficar a dever a quem me proporcionar, por isso continuo a acreditar que a sociedade, esta que tem tantos defeitos e vícios, é uma das melhores coisas que me foi possível conhecer.
dito isto... Ao ouvir hoje um programa de televisão que versava sobre a "Felicidade", não consegui deixar de pensar que o Homem é tão simples que é incompreensível para todos os que o querem como complicado. E não é que agora um dos elementos chave para medir a Felicidade é o Conforto!? Ora, tendo isto presente lá continuei a ouvir e consegui perceber que o velho dito "o dinheiro não compra felicidade, mas ajuda" está certíssimo até ao ponto de saturação... pois é, a química (entre outras disciplinas) é tramada, ensinou-nos que a Natureza tem regras de saturação e a vida deste Homem é tão simples como a Natureza a que ele pertence. O excesso faz mal, por exemplo, no que toca ao dinheiro, a Felicidade consegue-se quando o conforto existe, antes ou depois disso não é líquido que os cobres ajudem ao aumento de felicidade. Mas explicar isto aos cidadãos do Mundo não será tarefa fácil, mas aqui deixo uma pequenita ajuda!
Fiquei surpreendido, quando vim para aqui escrever, com o que foi escrito e como se adequava a esta minha problemática... é verdade, um Homem sem desejos é o mesmo que uma ferramenta utilizada de forma mecânica, todavia este mesmo Homem não deve esquecer que o seu desejo é fruto de uma série de factores socio-psicológicos que dificilmente dominará e compreenderá. Por outro lado, ele pode compreender como conhece e digo-o até dos desejos que parecem nascer tão alegre e simplesmente como os sonhos. Nada nasce por obra do acaso, já alguém dizia de forma bem pertinente que "não há coincidências" e eu pouco mais tenho a acrescentar a esta frase que fez e faz escola. As coisas são aquilo que nós nelas colocamos e se respeitarmos isto poderemos respeitar todos aqueles que nos rodeiam e que poderão ser atropelados pelos nossos desejos e ambições. Conhece-te a ti mesmo e conhecerás a verdadeira dimensão do Mundo, porque este ficará sempre aquém daquele que o pensa.
Caí, alguém me pintou para lá daquilo que eu sou, um fantasma é impossível de vencer... mas vou levantar-me, porque sempre que acontece uma queda resulta algo e nem só de fantasmas se escreve a história.

Beijos e até já.


ps.: Ontem aprendi uma bela lição e tudo se pintou de cor-de-rosa, hoje outra assim assim... como é duro viver!