sexta-feira, 14 de março de 2014

A caminhar para a Primavera... prestes a entrar no Outono.

Bem-hajam caríssimos!

Faz muito tempo que não escrevo neste local... não deixei de escrever de todo, mas voltei a colocar as minhas palavras num formato mais tradicional e com a ajuda de um utensílio também ele de outro tempo. Falo, não do meu falo, mas de papel e caneta! Sim, caneta e não esferográfica, porque a tinta daquela deixa um traço intenso e brilhante, a desta nem por isso... de todo mesmo. Mas o que aqui me traz nem é falar de ferramentas de escrita, porque independentemente do que se usa para escrever, até para ler, o certo é que cada uma dessas tarefas vale o nosso precioso tempo. Com este ponto esclarecido e apresentado sem qualquer tipo de utilidade, vamos lá passar ao que realmente interessa e falar de estações do ano ou de outras estações que poderão surgir sem convite, mas sempre recebidas com chá e bolachas como quaisquer outras.

Lembrei-me de escrever porque o sol bate na minha janela, bate em mim e aquece-me até à ponta dos meus dedos que martelam as teclas do computador. No inverno a tarefa de martelar não é tão simpática, bem menos gostosa e, por vezes, até me faz pensar que só a levamos (eu levo na mesma...) a cabo porque tem que ser. O sábio povo diz, e bem, que quem não dá assistência tem concorrência, por isso nada como martelar, nem que seja por uns breves minutos depois ou seguido de um banho quente. Inspirado por esta natureza que começa a apresentar um tom esverdeado, também pelas movimentações que acontecem na rua com menos roupa e outra ligeireza, cá estou eu para falar de coisas amareladas. Não é que tenho estado desocupado, desempregado, desvinculado, desaterefado... cheio de tempo para gozar e o raça do tempo tem fugido a uma velocidade que eu não consigo acompanhar!? A Primavera está a bater à porta e eu sinto que estou a entrar no Outono...
Porque quem tem muito tempo acaba sempre por arranjar muito o que fazer, e eu não sou diferente, acabei por arranjar fazer nada. Assim, nem tempo tinha para cá vir escrever, li umas quantas coisas, o jornal todos os dias!, ouvi umas tantas outras coisas (algumas que ainda hoje me lembram só me apetecer gritar para não me encherem os ouvidos), vi o que quis e o que não queria ver de todo, e no meio de tudo isto só me ocorre que não tenho nada para dizer - ai esta estranheza melancólica do ter que dizer algo de novo... falar do Passado é dizer sempre algo de novo, porque o que vivemos lá atrás muda com o que pensamos poder viver amanhã e mesmo com o que estamos a experimentar no que se convencionou chamar de Presente.

Rico presente me saiu este Presente! Quando digo que no Presente estou a pensar alguma coisa - e o pensamento acontece à velocidade da luz - já me estou a referir a algo que passou, é parte do Passado. Mas terei eu algo de novo a acrescentar ao que já penso ser o suficiente para os outros? Sei lá... experimentamos todos os dias a evolução da nossa sociedade (do Mundo!) no sentido do imediato e da quantidade. Uma coisa não poderia mesmo viver sem a outra, porque como se alimentaria o imediato sem uma gigantesca quantidade de coisas? Depois, porque o nosso lindo e poderoso cérebro processa a informação por associação e dissociação, assistimos ao nascimento de nados-mortos. O que vem depois do que veio é sempre avaliado como "melhor", "pior", "superior", "inferior", "maior", "menor", etc. A pressão da sucessão está a empurrar para fora da nossa estrutura cognitiva uma coisinha que nos pertence tal como a capacidade de quantificar, é a Qualidade e a capacidade de qualificar os objectos do conhecimento pelo que são. E isto, atentem, não se aplica só a nossa relação com as coisas, as nossas relações com os outros está a transformar-se de igual forma.

Ao longo da história ensinaram-nos, por exemplo, que os outros ora são mais parecidos connosco ora mais diferentes... mas é possível, efectivamente, avaliar a quantidade de diferença que nos separa do nosso vizinho? Ser diferente sem mais não chega e não é bom? Para que nos queremos todos iguais, o que iremos aprender com isso? Ai o romantismo, movimento tão interessante que nos deixou ideias tão idiotas! Querem uma delas: então temos que andar pelo mundo a procurar semelhanças para depois podermos dizer que os opostos se atraem? Bem, eu cá acho que não existe porcaria de oposição ou semelhança, apenas individualidade e, porque esta individualidade per si seria monstruosa, há educação.    

Vou projectar-me bem no Futuro, lá para os primeiros dias de Outono, esses em que ainda se experimenta o calor do sol, e talvez aproveite a Primavera no Presente ou em que tempo for. Certo é que vou tentar lembrar-me a cada dia de combater a letargia em que este tempo me mergulha, vivo e cheio de vontade de viver, seguirei acordado até ao Pestana chegar.

Beijos e até já.