segunda-feira, 15 de julho de 2013

Máscaras de oxigénio...

There´s a soul that dislikes to fall,
And this doesn´t mean that the mind never crawled.

The chain of freedom is more appealing than the chain of attachment,
And this crystal doesn´t weeps easily in the sweet prospect of abandonment.

Passe de letra e toda a técnica para se fazer um golo de baliza a baliza.

Bem-hajam meus mui estimados companheiros!

O dia tinha sido longo e a noite tendia para um fim semelhante ao de tantas outras que juntara alguns companheiros. Falo da minha perspectiva, pois claro, porque o que lhes passava nas cabeças pertencia-lhes e a mim só me surpreendiam a cada novo gesto gesticulado ou palavra proferida. Tantas vezes já tinha estado ao lado deles, mas esta noite tinha-se tornado especial porque pela primeira vez juntava-nos em número ímpar de cinco! Pitágoras nem tinha o maior apreço por este número, ele adorava e fazia adorar um outro ímpar e a verdade é que esta sequência de frases que aqui cai da forma mais estrambólica que me foi possível pensar serve de bom exemplo ao que muitas vezes aconteceu nessa primeira noite - os pensamentos eram esvoaçantes e muitas vezes desconexos com o simples fim de divertir e espicaçar.
Vistos à distância, com olhar vesgo e tremido de quem não mira, poderíamos parecer uma massa amorfa, uma mescla de que resultaria um só ou indistinguíveis seres enquanto singulares. Tal como um bando, um cardume ou uma alcateia, os nossos movimentos eram coordenados naturalmente, porque a diversão pode ser um elo tão forte como o instinto de defesa ou ataque. Mas não, afinando o olhar seria possível desvelar um conjunto de características que mais poderiam separar do que juntar, todavia todas as equipas se constituem de diferentes e nós tínhamos um plantel equilibrado, capaz de preencher da melhor forma cada posição. Eu, mais cedo do que queria e me seria útil, defini-me como um número "10" e os restantes quatro não demoraram muito a perceber que poderia, de facto, jogar mesmo ali. É fácil de ver, seguindo a gíria futebolística, que eu estaria sempre perto do atacante, mas raramente perto o suficiente da baliza para marcar golos. Seria quem transportava e passava, mas rematar não era para mim! Havia um "guarda-redes" ou número "1", ele pelo menos dizia-se digno desse lugar onde facilmente se encontram o amor e o ódio. Ele era capaz de se atirar para apanhar as bolas, mesmo aquelas que corriam junto ao chão, era capaz de lançar algumas com grande firmeza para outros correrem e correrem com elas, ou de tirar dos pés dos adversários o golo certo, e naquela noite ficou conhecido de todos e por todos foi-lhe entregue o lugar que merecia. Diz-se que uma equipa se constrói de trás para a frente e seguindo essa teoria esta equipa de cinco tinha dois bons defesas, ui! O central de marcação era já um douto face a muitos temas e no que se refere à bola não o era menos do que em literaturas românticas. Mas este central era muito mais do que um defesa, ele merecia o número "2" com tradição em azul, ele era duro como um muro de betão a defender, mas subia muito bem no terreno para aproveitar todas as oportunidades de golo. É sabido que marcar golos não é com defesas, mas este lá ia fazendo o seu por época e agora nesta equipa era o que mais festejava sempre que conseguia o seu intento - corte ou golo. O outro defesa era o "pivô" defensivo, aquele que nem sempre damos por ele, mas que quando falta e falha toda a equipa se ressente. É claro que a sua falta já se fez sentir, mas também é por isso que hoje posso falar dele com tanta convicção. Este nosso número "6" era engenhoso, sabia bem guardar-se para as maiores dificuldades, foi mesmo acusado de atacar pouco, mas, por exemplo, o que seria de um "10" sem um "6" a guardar as suas costas!? A sua utilidade era irrefutável e a precisão com que se fazia notar ou ausentar no jogo era tal que até ele foi marcando golos. Para uma equipa ser verdadeiramente temida tem que ter um avançado de fazer tremer as pernas dos adversários e nós tínhamos esse avançado, esse número "9"! Ele era bom de pés, corria como um avançado deve correr e fintava como poucos - tanto que até fintava o resto da própria equipa. Se a equipa se constrói de facto de trás para a frente, neste caso poder-se-ia dizer que esta tinha o equilíbrio certo para durar uns bons anos e continuar a ter sucessos em competição, porque tinha muito mais do que a valência de cada um para o lugar que ocupava naquela noite e para o qual parecia talhado, tinha um grupo de dotados polivalentes e todos defenderam, todos caíram por uma bola e golos foram marcados com mais ou menos público presente ou atenção prestada.
Para este grupo de cinco aquela noite foi o arranque de uma história cheia de estórias e histórias, os capítulos que foram vividos não serão escritos, porque há coisas que não são passíveis de serem escritas, mas o exercício de brincar com as palavras e lembranças seguirá sempre que me for possível.

Beijos para todos deste que vos escreve.