quarta-feira, 16 de março de 2011

O Universo...

Era uma vez uma menina. E como todo o igual, era curiosa do seu Universo mas mais intensamente sentia a urgência do seu Mundo.
            A intensidade do seu Mundo de nada tinha preocupante, pelo menos para ela, porque desde ingénua idade sempre fora consciente do usualmente subconsciente. Então, sempre que o seu pântanoso invisível ressurgia ela, sem equipamento, mergulhava nas mais profundas cavernas do seu ser e pagando sem lamentações o preço e o tempo necessário, trazia às Estrelas todas as cabeças da sua Hydra na tentativa de transformá-las em tesouros.

Na emersão seguida dessa desejada inundação era suposto, como pretendia, a sua própria sublimação. No entanto, inconscientemente para ela, nada mais fazia que confirmar e cristalizar a sua própria Natureza.
            Apesar dessa menina morar no seu Mundo, inevitávelmente, nascera e passeava pelo Universo, sujeita a diversos e incomuns Mundos.
Um dia, num dos seus passeios pelo Universo, colidiu com outro Mundo, aparentemente, singular e comum ao seu, e toda a sua estrutura estremeceu com a ressonância daquele Mundo. Encontrara a frequência com que vibrava mas desconhecia se o nível do harmónico era similar.
            Dera-se o conhecimento. E a partir daí fôra investido todo o tempo para conhecer essa “vibe”. Esse investimento resultou a partir daí na permitida recepção mútua das suas iguais vibrações.
            À medida que as Estrelas se moviam no céu, essa menina, como não gostava de ser “absorvida”, tentou “absorver” esse outro Mundo. Como duas gotas que caem do nebuloso céu tentou criar um lago fruto da sua natureza compulsiva de fusão com o objecto reconhecido.
Envolvendo o outro Mundo na redoma do seu Mundo, tentou que o outro experimentasse o Universo apenas pela sua mão, com medo que encontrasse outros Mundos, tentatando assim suprimir todas as suas necessidades através do seu Mundo. Afinal o Universo lá fora é uma “selva”.
            O outro Mundo, de facto, ressonava na mesma frequência desse sentimento com letra ´A´ maiuscula mas harmonizava de forma diferente. Este Mundo queria realmente que o Mundo dessa menina fizesse parte do seu Universo, mas tencionava continuar a ser uma gota e não um lago. A menina temia o Universo e queria apenas fundir os Mundos e formar um novo Universo. Para outro Mundo isto pareceu-lhe impossível porque o Universo era muito maior.

Nenhum comentário:

Postar um comentário