Bem-hajam meus caros e caras!
Passaram alguns dias entre o meu último registo aqui deixado e esta visita que me devolve ao espaço cibernético, mas não podia ter entrado em melhor tempo, encontrei um texto que me fez comichão hoje e não tenho a certeza se assim seria se o tivesse lido ontem ou se o lesse amanhã. No fundo, sabemos muito para saber muito pouco, procuramos sempre mais para viver bem com menos... mas vamos com calma, quero de forma muito honesta responder - ou deixar parte do meu pensamento - à entrada que me antecedeu, tentarei falar de certezas e incertezas, de qualidade e quantidade e tentarei não me esquecer de falar de educação. O que me proponho a fazer é muito, mas já fico contente pela tentativa. Aqui vai, vou!
Quero começar por usar palavras que não me pertencem e que espero que gostem, deixarei um poema completo que me servirá de guia. Diz assim: RECEITA PARA FAZER UM HERÓI
Tome-se um homem,
Feito de nada, como nós,
E em tamanho natural.
Embeba-se-lhe a carne,
Lentamente,
Duma certeza aguda, irracional,
Intensa como o ódio ou como a fome.
Depois, perto do fim,
Agite-se um pendão
E toque-se um clarim.
Serve-se morto.
O poema que vos entrego para leitura é parte do meu dia-a-dia desde que o conheci. Sim, passo os olhos por ele quase todos os dias e lembro-me dele todos os dias, podem acreditar. Ele diz-me muito, é de Reinaldo Ferreira, e da primeira vez que o li senti logo que a mensagem estava a entrar bem, como um "olha lá, isto é para ti, ouve!" O poema é pequeno e muito leve, mas incisivo e penetrante, encerra uma leitura horizontal e vertical do problema do Homem consigo, com os outros e com o conhecimento. É precisamente por tudo isto, também para me colocar ao lado de algumas das palavras do texto que me antecede aqui, que partirei mais uma vez da sua leitura até outras, quem sabe...
A questão da "educação", muito presente neste espaço, está bem apresentada pelos excertos escolhidos e pelas palavras que se seguem a eles. É verdade que a educação serve precisamente para que o Homem possa ser "sujeito", "indivíduo", "pessoa", "humano", ... outros conceitos foram criados e outros irão ser criados, mas nós não nos podemos esquecer que no fundo somos isso tudo e muito mais (quantidade), mas SOMOS (qualidade). Quando devolvi a este espaço o meu pensamento sobre a passagem do tempo e a Qualidade tinha como referência a teoria de conhecimento de Kant, essa que diz (desculpem-me a forma redondinha) que as coisas são o que nós nelas colocamos. Pois bem, as categorias do entendimento são várias, qualidade e quantidade são duas delas e nós não conseguimos deixar de pensar por elas e com elas, mas o que acontece, digo eu, é que a evolução nos está a aproximar da quantidade em detrimento da qualidade - esta operação é regida/promovida/orientada pela cada vez maior pobreza da língua e da arte de comunicar (Kant, se escrevesse hoje, podia ter outro conjunto de categorias do entendimento...). O nosso cérebro processa palavras e creio ser de bom saber que quanto maior for o número de palavras que conhecemos, maior é o nosso "mundo". Pois bem, o "mundo" está a mingar e para constatar-mos isso basta pegar em livros... é certo que a nossa relação com tudo o que nos rodeia não pertence só a nós, podem afirmar que já não temos o mesmo Tempo, eu direi que sim, já não temos o mesmo Tempo, temos o nosso Tempo, o de cada UM! A questão do Tempo não é diferente da questão da Qualidade e até Einstein o veio confirmar - o Tempo é relativo e para o Homem é quer ao nível da Física quer ao nível da mente.
Batalho para que separem duas palavrinhas todos os dias (batalho por muitas mais, porque queria muitas mais...), elas são Educação e Instrução. A Educação é, para mim, a arte de saber estar e viver num mundo que é uno e plural, ou se quiserem, MEU e TEU. A Instrução é outra coisa, é o conhecimento orientado que visa (ou deveria visar em meu entender) dar a entender como o conhecimento se processa, antes de se dar conhecimento em pacotes para servir de preenchimento de uma estante aparente vazia. Não me quero alongar muito neste processo de distinção, mas eu diria que a diferença entre uma coisa e outra está no Respeito que se tem ou não se tem pelo que está ao nosso lado enquanto capaz de na sua diferença ser um semelhante (semelhante não é igual). Alguém educado sabe isto, mas alguém altamente instruído (ou baixamente instruído, se quiserem) não o sabe necessariamente e cai com frequência na cega ditadura do seu aparente saber.
Posto tudo isto, terei que afirmar a minha crença na educação, não quero que se pense que ela não sendo perfeita não é boa ou necessária, porque para mim é! A perfeição não existe e como diz o povo, quem nunca pecou que atire a primeira pedra. O mundo seria diferente com o uso de palavras diferentes? Sim, esta é uma afirmação a priori, absoluta e necessária, mas não sei se melhor ou pior - isso só testando, vendo e observando, o que resulta em conhecimento a posteriori, contingente. Também espero que tenha ficado claro que para mim Quantidade e Educação não são termos similares, apesar de andarem próximos porque ambos (e tantos outros) dizem respeito ao Homem.
Antes de me despedir, porque o pensamento pode ficar mais circular, volto ao poema para afirmar mais uma vez que certezas conquistam-se quando se coloca a Instrução à frente da Educação, espero ter deixado essa imagem, e, se "estar vivo é o contrário de estar morto", então a incerteza é o nosso porto seguro e é a ela que devemos voltar sempre que quisermos estar bem connosco e com os outros.
beijos deste que vos tem presentes.
O que dizer deste espaço virtual de encontro intimista, de palavras incendiárias ao nível das melhoras Tertúlias Europeias. A expressão máxima dos seus insatisfeitos participantes ávidos por novidades "frescas" !
segunda-feira, 31 de março de 2014
quarta-feira, 19 de março de 2014
Tantos Mundos...
Ora ora Caríssimos!!!
Sempre bom voltar a este lindo fórum!
Sempre achei o termo educação uma palavra muito elástica, e sempre foi do meu entender um recipiente, uma métrica, com conteúdo de parâmetros ao gosto do ideal pessoal. Generalizando um bocado, acho que todos temos um “deveria ser…” na ponta da língua à mínima contrariedade do ideal que nos apazigua as emoções e preferências. Depois chegam-nos todas as vertentes que já criamos para educação para as mais diversas posturas “exigidas” para as mais diversas “exigentes” circunstâncias. Imagine-se, eu que julgava a educação religiosa a maior das doutrinas absolutas, a maior de todas as bandeiras, até esta sofre de relativismos e ajustes simplesmente Humanos pelo auto-proclamado representante de Deus na Terra. Quem diria, fumo preto no fumo branco sobre o sagrado livro...
sexta-feira, 14 de março de 2014
A caminhar para a Primavera... prestes a entrar no Outono.
Bem-hajam caríssimos!
Faz muito tempo que não escrevo neste local... não deixei de escrever de todo, mas voltei a colocar as minhas palavras num formato mais tradicional e com a ajuda de um utensílio também ele de outro tempo. Falo, não do meu falo, mas de papel e caneta! Sim, caneta e não esferográfica, porque a tinta daquela deixa um traço intenso e brilhante, a desta nem por isso... de todo mesmo. Mas o que aqui me traz nem é falar de ferramentas de escrita, porque independentemente do que se usa para escrever, até para ler, o certo é que cada uma dessas tarefas vale o nosso precioso tempo. Com este ponto esclarecido e apresentado sem qualquer tipo de utilidade, vamos lá passar ao que realmente interessa e falar de estações do ano ou de outras estações que poderão surgir sem convite, mas sempre recebidas com chá e bolachas como quaisquer outras.
Lembrei-me de escrever porque o sol bate na minha janela, bate em mim e aquece-me até à ponta dos meus dedos que martelam as teclas do computador. No inverno a tarefa de martelar não é tão simpática, bem menos gostosa e, por vezes, até me faz pensar que só a levamos (eu levo na mesma...) a cabo porque tem que ser. O sábio povo diz, e bem, que quem não dá assistência tem concorrência, por isso nada como martelar, nem que seja por uns breves minutos depois ou seguido de um banho quente. Inspirado por esta natureza que começa a apresentar um tom esverdeado, também pelas movimentações que acontecem na rua com menos roupa e outra ligeireza, cá estou eu para falar de coisas amareladas. Não é que tenho estado desocupado, desempregado, desvinculado, desaterefado... cheio de tempo para gozar e o raça do tempo tem fugido a uma velocidade que eu não consigo acompanhar!? A Primavera está a bater à porta e eu sinto que estou a entrar no Outono...
Porque quem tem muito tempo acaba sempre por arranjar muito o que fazer, e eu não sou diferente, acabei por arranjar fazer nada. Assim, nem tempo tinha para cá vir escrever, li umas quantas coisas, o jornal todos os dias!, ouvi umas tantas outras coisas (algumas que ainda hoje me lembram só me apetecer gritar para não me encherem os ouvidos), vi o que quis e o que não queria ver de todo, e no meio de tudo isto só me ocorre que não tenho nada para dizer - ai esta estranheza melancólica do ter que dizer algo de novo... falar do Passado é dizer sempre algo de novo, porque o que vivemos lá atrás muda com o que pensamos poder viver amanhã e mesmo com o que estamos a experimentar no que se convencionou chamar de Presente.
Rico presente me saiu este Presente! Quando digo que no Presente estou a pensar alguma coisa - e o pensamento acontece à velocidade da luz - já me estou a referir a algo que passou, é parte do Passado. Mas terei eu algo de novo a acrescentar ao que já penso ser o suficiente para os outros? Sei lá... experimentamos todos os dias a evolução da nossa sociedade (do Mundo!) no sentido do imediato e da quantidade. Uma coisa não poderia mesmo viver sem a outra, porque como se alimentaria o imediato sem uma gigantesca quantidade de coisas? Depois, porque o nosso lindo e poderoso cérebro processa a informação por associação e dissociação, assistimos ao nascimento de nados-mortos. O que vem depois do que veio é sempre avaliado como "melhor", "pior", "superior", "inferior", "maior", "menor", etc. A pressão da sucessão está a empurrar para fora da nossa estrutura cognitiva uma coisinha que nos pertence tal como a capacidade de quantificar, é a Qualidade e a capacidade de qualificar os objectos do conhecimento pelo que são. E isto, atentem, não se aplica só a nossa relação com as coisas, as nossas relações com os outros está a transformar-se de igual forma.
Ao longo da história ensinaram-nos, por exemplo, que os outros ora são mais parecidos connosco ora mais diferentes... mas é possível, efectivamente, avaliar a quantidade de diferença que nos separa do nosso vizinho? Ser diferente sem mais não chega e não é bom? Para que nos queremos todos iguais, o que iremos aprender com isso? Ai o romantismo, movimento tão interessante que nos deixou ideias tão idiotas! Querem uma delas: então temos que andar pelo mundo a procurar semelhanças para depois podermos dizer que os opostos se atraem? Bem, eu cá acho que não existe porcaria de oposição ou semelhança, apenas individualidade e, porque esta individualidade per si seria monstruosa, há educação.
Vou projectar-me bem no Futuro, lá para os primeiros dias de Outono, esses em que ainda se experimenta o calor do sol, e talvez aproveite a Primavera no Presente ou em que tempo for. Certo é que vou tentar lembrar-me a cada dia de combater a letargia em que este tempo me mergulha, vivo e cheio de vontade de viver, seguirei acordado até ao Pestana chegar.
Beijos e até já.
Faz muito tempo que não escrevo neste local... não deixei de escrever de todo, mas voltei a colocar as minhas palavras num formato mais tradicional e com a ajuda de um utensílio também ele de outro tempo. Falo, não do meu falo, mas de papel e caneta! Sim, caneta e não esferográfica, porque a tinta daquela deixa um traço intenso e brilhante, a desta nem por isso... de todo mesmo. Mas o que aqui me traz nem é falar de ferramentas de escrita, porque independentemente do que se usa para escrever, até para ler, o certo é que cada uma dessas tarefas vale o nosso precioso tempo. Com este ponto esclarecido e apresentado sem qualquer tipo de utilidade, vamos lá passar ao que realmente interessa e falar de estações do ano ou de outras estações que poderão surgir sem convite, mas sempre recebidas com chá e bolachas como quaisquer outras.
Lembrei-me de escrever porque o sol bate na minha janela, bate em mim e aquece-me até à ponta dos meus dedos que martelam as teclas do computador. No inverno a tarefa de martelar não é tão simpática, bem menos gostosa e, por vezes, até me faz pensar que só a levamos (eu levo na mesma...) a cabo porque tem que ser. O sábio povo diz, e bem, que quem não dá assistência tem concorrência, por isso nada como martelar, nem que seja por uns breves minutos depois ou seguido de um banho quente. Inspirado por esta natureza que começa a apresentar um tom esverdeado, também pelas movimentações que acontecem na rua com menos roupa e outra ligeireza, cá estou eu para falar de coisas amareladas. Não é que tenho estado desocupado, desempregado, desvinculado, desaterefado... cheio de tempo para gozar e o raça do tempo tem fugido a uma velocidade que eu não consigo acompanhar!? A Primavera está a bater à porta e eu sinto que estou a entrar no Outono...
Porque quem tem muito tempo acaba sempre por arranjar muito o que fazer, e eu não sou diferente, acabei por arranjar fazer nada. Assim, nem tempo tinha para cá vir escrever, li umas quantas coisas, o jornal todos os dias!, ouvi umas tantas outras coisas (algumas que ainda hoje me lembram só me apetecer gritar para não me encherem os ouvidos), vi o que quis e o que não queria ver de todo, e no meio de tudo isto só me ocorre que não tenho nada para dizer - ai esta estranheza melancólica do ter que dizer algo de novo... falar do Passado é dizer sempre algo de novo, porque o que vivemos lá atrás muda com o que pensamos poder viver amanhã e mesmo com o que estamos a experimentar no que se convencionou chamar de Presente.
Rico presente me saiu este Presente! Quando digo que no Presente estou a pensar alguma coisa - e o pensamento acontece à velocidade da luz - já me estou a referir a algo que passou, é parte do Passado. Mas terei eu algo de novo a acrescentar ao que já penso ser o suficiente para os outros? Sei lá... experimentamos todos os dias a evolução da nossa sociedade (do Mundo!) no sentido do imediato e da quantidade. Uma coisa não poderia mesmo viver sem a outra, porque como se alimentaria o imediato sem uma gigantesca quantidade de coisas? Depois, porque o nosso lindo e poderoso cérebro processa a informação por associação e dissociação, assistimos ao nascimento de nados-mortos. O que vem depois do que veio é sempre avaliado como "melhor", "pior", "superior", "inferior", "maior", "menor", etc. A pressão da sucessão está a empurrar para fora da nossa estrutura cognitiva uma coisinha que nos pertence tal como a capacidade de quantificar, é a Qualidade e a capacidade de qualificar os objectos do conhecimento pelo que são. E isto, atentem, não se aplica só a nossa relação com as coisas, as nossas relações com os outros está a transformar-se de igual forma.
Ao longo da história ensinaram-nos, por exemplo, que os outros ora são mais parecidos connosco ora mais diferentes... mas é possível, efectivamente, avaliar a quantidade de diferença que nos separa do nosso vizinho? Ser diferente sem mais não chega e não é bom? Para que nos queremos todos iguais, o que iremos aprender com isso? Ai o romantismo, movimento tão interessante que nos deixou ideias tão idiotas! Querem uma delas: então temos que andar pelo mundo a procurar semelhanças para depois podermos dizer que os opostos se atraem? Bem, eu cá acho que não existe porcaria de oposição ou semelhança, apenas individualidade e, porque esta individualidade per si seria monstruosa, há educação.
Vou projectar-me bem no Futuro, lá para os primeiros dias de Outono, esses em que ainda se experimenta o calor do sol, e talvez aproveite a Primavera no Presente ou em que tempo for. Certo é que vou tentar lembrar-me a cada dia de combater a letargia em que este tempo me mergulha, vivo e cheio de vontade de viver, seguirei acordado até ao Pestana chegar.
Beijos e até já.
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